Mixtape por Tato França

Mixtape de hoje é dedicada a música negra. Quando convidei o Tato França, já de cara soltou este tema, que no final das contas, foi demais! Só música boa!

Tato fez questão de explicar as músicas. Preste atenção que tem muito conhecimento junto! 😉

Começa assim:

“A música negra está no meu coração e invade minha alma sempre que toca na minha vitrola. Sua relevância já é pouco questionada, mas é meu dever falar mais sobre aqueles artistas tão talentosos e tão corajosos”.

Primeira música: Robert Johnson – Me and the Devil Blues

Em 1911, nascia no Mississipi a lenda do Blues, Robert Johnson. O homem que “vendeu” sua alma ao diabo teve uma carreira curta, porém marcante. Influenciou os maiores do Blues e Rock. Pobre, negro e criado no Sul dos Estados Unidos (região historicamente racista) Johnson contou histórias sobre sua mulher, traições e cães do inferno. Se tudo isso é obra do Capeta, não sei, mas sua obra é incrível.

Segunda Música: Howlin‘ Wolf – Smokestack Lightning

Meu segundo ícone poderia ser qualquer um que fez fortuna ou ganhou um Cadillac do dono da Chess Records nos anos 50. Vou de Hollin’ Wolf, cantor que desafiou outro gigante, Muddy Waters, ao flertar com uma das suas amantes e ao se nas vendas de disco. Pela soberba e por suas músicas fantásticas o Lobo tem seu lugar no meu mixtape.

Terceira Música: Little Richard – Tutti Frutti

Agora o cenário muda um pouco. Little Richard, um artista negro e homo-sexual nascido no cinturão bíblico americano choca todos com a voz mais incrível para época, para mim, de todos os tempos. Cantor de Rock e tocador de piano, “Ricardinho” tem sua coragem reconhecida até hoje, muito a frente de seu tempo em tudo que fazia.

Quarta Música: Wilson Simonal – Nem Vem Que Não Tem

No Brasil, em plena ditadura militar, um cara incomodava e muito. Wilson Simonal, o Rei do Pilantragem, alcançava o sucesso de Roberto Carlos, se comunicava bem, era riquíssimo e requisitado. Poder demais na mão de um negro. O “Simona” era um exemplo que muita gente não queria que o povão tivesse. Sacaneado e acusado de dedo duro Simonal morreu no ostracismo.

Quinta e Sexta Músicas: Ray Charles – Georgia e James Brown – Say It Loud It Loud, I’m Black And I’m Proud

Já no final dos anos 60, o Movimento dos Direitos Civis ganhava cada vez mais força pela voz de Martin Luther King. Nesse período dois artistas fizeram diferença, Ray Charles e James Brown. O primeiro por não tocar mais em casas com a platéia segregada, caso que o fez ser banido da Geórgia, sua terra natal. O segundo por fazer o show em Boston assegurando a paz depois da morte do Dr. King. Naquele dia o Rei do Funk gritou alto e orgulhoso “I´m Black!”.

Sétima Música: The Meters – Chicken Strut

No início dos anos 70 as bandas de Funk e também de Soul passaram de um mercado em ebulição para artistas de “mainstream”. Gravadoras se tornavam gigantes, como por exemplo a Motown. Entre os maiores se destacavam Sly and Family Stone, The Supremes, Dianna Ross, Willie Hutch e Commodores. Todos fantásticos. E nesse quesito eu vou com o balanço dos Meters.

Oitava Música: Afrika Bambaataa e Soul Sonic Force – Planet Rock

Para finalizar vou falar do Rap nos anos 80, que eu acho uma evolução natural do Funk, com o advento do toca disco. Dado o período em que viviam e os reflexos dos anos 60 era de se esperar que os rappers cantassem a verdade do gueto. Apesar de gostar muito de Grandmaster Flash, Run DMC, Public Enimy, o som que eu acho que melhor ilustra o meio da década de 80 é Afrika Banbaataa;

“Sem a presença negra na música provavelmente a gente estaria cantando algo como Polka nos bares da cidade (com todo respeito aos músicos e dançarinos do gênero). As artes em geral devem muito aos negros e devemos respeito principalmente”. 
*Esse texto foi escrito escutando Fredie King.


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Bom demais né! Obrigada Tato!!! 🙂